O presidente Donald Trump assinou um decreto impondo uma tarifa adicional de 25% sobre a Índia, elevando o total de tarifas contra o importante parceiro comercial dos Estados Unidos para 50%, informou a Casa Branca nesta quarta-feira, poucas horas após negociações entre os EUA e a Rússia sobre a guerra na Ucrânia não resultarem em avanços. Com isso, a sobretaxa sobre produtos do país se iguala à do Brasil.
”Constato que o governo da Índia está atualmente importando petróleo da Federação Russa, direta ou indiretamente. Assim sendo, e em conformidade com a legislação aplicável, os artigos provenientes da Índia importados para o território aduaneiro dos Estados Unidos estarão sujeitos a uma alíquota adicional ad valorem de 25%”, aponta a ordem executiva do presidente americano, divulgada pela Casa Branca.
A nova tarifa (que será somada a uma sobretaxa específica de 25% por país, prevista para entrar em vigor nesta quinta-feira (07), começará a valer dentro de 21 dias, de acordo com o decreto assinado por Trump.
Uso político das tarifas
O caso da Índia será mais um uso político das tarifas. Na terça-feira, ao anunciar que aumentaria substancialmente a tarifa paga pela Índia aos EUA, Trump afirmou que a Índia ”está alimentando a máquina de guerra ao comprar petróleo russo” e não se importa com quantas pessoas na Ucrânia estão sendo mortas.
No caso das exportações brasileiras, a justificativa para a imposição de uma taxa de 50%, que passou a valer nesta quarta-feira, é o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), aliado do republicano.
Na semana passada, Trump anunciou taxa de 25% sobre as exportações indianas, surpreendendo Nova Délhi após meses de negociações fracassarem. Ele acusou Nova Délhi de se recusar a facilitar o acesso a produtos americanos e criticou sua participação no Brics, grupo de economias em desenvolvimento.
O presidente dos EUA também expressou frustração com o líder russo Vladimir Putin, já que os esforços para negociar uma trégua com a Ucrânia avançaram pouco. Trump deu a Moscou um prazo até 8 de agosto para chegar a um cessar-fogo, sob pena de possíveis sanções, e ameaçou parceiros comerciais com as chamadas tarifas secundárias para desencorajar a compra de energia russa.
O Kremlin informou que uma reunião entre Putin e o enviado dos EUA, Steve Witkoff, realizada mais cedo nesta quarta-feira, resultou apenas em uma troca de “sinais”.
“Da nossa parte, em particular, alguns sinais foram transmitidos sobre a questão ucraniana”, disse o assessor de política externa do presidente russo, Yuri Ushakov, a jornalistas, sem entrar em detalhes. Sinais correspondentes também foram recebidos do presidente Trump.
Ushakov acrescentou que as negociações, que duraram quase três horas, foram “úteis e construtivas” e também abordaram as perspectivas para o desenvolvimento das relações entre EUA e Rússia. Moscou aguardará o retorno de Witkoff aos EUA para relatar a Trump antes de comentar mais, acrescentou Ushakov.
Antes das conversas, Trump sugeriu que imporia tarifas adicionais a outros países, incluindo a China, que como a Índia, compram energia da Rússia.
“Nós vamos fazer bastante disso. Vamos ver o que acontece nos próximos dias ou semanas”, disse o republicano a jornalistas.
Aliados da Ucrânia afirmaram que as compras de energia feitas por Índia, China e outros países sustentam a economia de Putin e enfraquecem a pressão sobre Moscou para encerrar uma guerra que já entra em seu quarto ano.
*Com informações do O Globo