O ex-assessor da Presidência da República, Filipe Martins, afirmou nesta quinta-feira (24) ter sido usado como “bode expiatório” pelo tenente-coronel Mauro Cid, principal delator da investigação sobre uma trama golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.
Martins foi interrogado por mais de quatro horas como um dos seis réus do chamado “núcleo 2” da trama. Os depoimentos, que podem levar a penas de mais de 30 anos de prisão, foram transmitidos ao vivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Eu tenho a convicção de que ele [Cid] poderia estar procurando bodes expiatórios, me colocando numa reunião em que eu nunca estive”, declarou Martins. “Somente com base na palavra dele que se criou essa ideia de que eu teria redigido uma minuta de decreto golpista”.
A reunião da “minuta do golpe”
A principal acusação contra Martins, segundo a delação de Cid, é de que ele teria apresentado a “minuta do golpe” a Bolsonaro e aos comandantes das Forças Armadas em uma reunião no Palácio da Alvorada, em 7 de dezembro de 2022.
Em sua defesa, Martins negou veementemente ter participado do encontro. Ele apresentou documentos que, segundo ele, apontam erros de grafia em seu nome nos registros de entrada do palácio e ressaltou que o general Freire Gomes, então comandante do Exército, disse em depoimento como testemunha que não se recordava da presença do ex-assessor na reunião.
Martins também acusou a Procuradoria-Geral da República (PGR) de ter suprimido a palavra “possivelmente” de uma declaração de Freire Gomes à PF para dar mais certeza à sua suposta presença no encontro.
Crítica à prisão e “censura”
O ex-assessor afirmou acreditar que foi denunciado pela PGR para justificar sua prisão preventiva, que durou mais de seis meses e foi baseada em uma suposta intenção de fuga com Bolsonaro para os Estados Unidos.
“Estou sob censura há quase dois anos, не posso conceder entrevistas, não posso me manifestar por redes sociais”, disse Martins, que se desculpou por ser demorado em sua defesa, afirmando que era a primeira vez que podia falar publicamente sobre o caso.
*Com informações Agência Brasil