Nascido no dia 04 de julho de 1943, em Macau, na Costa Branca do Rio Grande do Norte, Afonso de Ligório Lemos completa 82 anos nesta sexta-feira. O caminhar já é mais lento, mas a cabeça segue acelerada e cheia de projetos. Ativo nas redes sociais, um entusiasta das novas tecnologias que permitem estar sempre em contato com muita gente com quem ele gosta de conversar.
E por falar em conversa, assunto para ele não falta. “Seu Afonso” comenta da novela aos últimos acontecimentos do noticiário, passando pelos bastidores da política e as muitas histórias que viveu. Sua história está diretamente ligada à história política do município de Macau.
Apaixonado pela cidade e por seu povo, mesmo aposentado da política partidária, se preocupa em contribuir para a solução dos principais problemas da cidade. Desde que deixou a prefeitura, há mais de 30 anos, continuou participando de encontros e reuniões com prefeitos, vereadores, deputados e governadores, apresentando suas ideias para melhorar a qualidade de vida dos seus conterrâneos.
UMA VIDA DEDICADA A TRANSFORMAR MACAU
A lista de amigos é extensa, inclusive na política. Independente de bandeira partidária ou ideologia, Afonso Lemos segue transitando bem em todos os ambientes, afinal, esse é um mundo que ele aprendeu a decifrar ainda muito novo, acompanhando os passos da avó Francisquinha Lemos, carinhosamente apelidada “Mãe Quinha”. Mesmo sem nunca ter exercido um cargo público, era altamente influente na política potiguar, algo quase impensável para uma mulher nos anos 1940 e 1950. Com ela, Afonso aprendeu e desenvolveu o amor e a profunda dedicação à política como forma de melhorar a vida das pessoas, o que sempre foi sua missão de vida.
Muito jovem, se interessou pela vida pública, tendo no sangue a veia política de seus antepassados Capitão Pedro Tetéu e o Coronel Feliciano Tetéu, intendente do município (equivalente ao prefeito) e de Mãe Quinha. Ainda adolescente, perdeu o pai e precisou assumir o sustento de sua família, junto com sua mãe. “Foi nesse período que comecei a mexer com política, minha família sempre foi política e inventei de me candidatar. Na época, os candidatos tinham muito dinheiro, mas eu tinha uma coisa que eles não tinham: O amor à Macau. Daí, comecei”, relembra Afonso.
Em 1964, foi nomeado para auxiliar de fiscal do município pelo então prefeito Albino Gonçalves de Melo. Quatro anos depois, se candidatou a vereador e venceu sua primeira eleição como o mais votado do pleito, em 15 de novembro de 1968.
Depois, foi eleito novamente vereador nos pleitos de 1970 (mandato tampão) e 1972. A cada eleição, seu número de votos aumentava exponencialmente e durante seus quatro mandatos de vereador, presidiu a Câmara Municipal em duas ocasiões.
Em 15 de novembro de 1976, foi eleito vice-prefeito junto com o prefeito Cledionor Mendonça (Kidinho), mas este renunciou em abril de 1982, para se candidatar a deputado estadual. Com isso, Afonso assumiu, pela primeira vez, a gestão de sua amada Macau, por oito meses. Naquele tempo, não existia reeleição e Afonso Lemos elegeu seu candidato no pleito que ficou na história política da cidade como a mais acirrada e disputada eleição: foram apenas 63 votos de maioria, resultado só conhecido na abertura da última urna apurada.
Só em 1988 Afonso foi candidato a prefeito e venceu contra as estruturas do governo do Estado e com o apoio e o voto do povo de Macau. Recordações que até hoje despertam emoção. “Fiz a promessa que, na hora que saísse a última urna, de onde eu estivesse, eu saía vestido de São Francisco pelas ruas da cidade e assim aconteceu. Eu sempre eu dizia: ‘Ganho todas as eleições em Macau porque (adversários) só não tem uma coisa que eu tenho: o amor à Macau’. Ninguém acreditava na minha eleição. Eu enfrentei todo mundo que tinha muito dinheiro, e ganhava por amor. Ainda tentaram tirar minha candidatura, mas não aceitei e venci”.
Afonso Lemos fez obras e ações importantes, como o primeiro Pronto Socorro Municipal; organização e urbanização da orla; construção do parque de vaquejada na orla, o primeiro do país; construção de casas populares, galerias pluviais, escolas, o primeiro ginásio de esportes da cidade; calçamento e pavimentação de ruas do Centro e a construção do monumento em homenagem à Nossa Senhora da Conceição, na entrada de Macau. Outra obra marcante, a urbanização da praia de Camapum: “Coloquei os vereadores e secretários dentro de um ônibus e levei eles até a praia, onde antes era o mangue. Falei para meu secretário de obras, Haroldo Martins, que não era bom estarmos cercados pelo mar e não termos praia para aproveitar. Então, fizemos a urbanização e toda a estrutura de Camapum. Hoje, está lá, uma das praias mais bonitas do Brasil”.
Afonso Lemos também foi o responsável pela criação do Carnaval de rua de Macau, com trio elétrico e o tradicional Mela-Mela, principal atração da cidade e famosa em todo o Estado. Como prefeito, andava no meio do povo e, na Quarta-Feira de Cinzas, assumia o comando do trio elétrico para desejar boa viagem aos visitantes que passavam o Carnaval em Macau.