Fernanda Sabino
O pagamento do 13º salário deve dar um reforço significativo à economia do Rio Grande do Norte neste fim de ano. Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), pouco mais de R$ 3,6 bilhões devem circular no Estado entre 28 de novembro e 20 de dezembro, prazos para o depósito da primeira e segunda parcelas do benefício, respectivamente, aos trabalhadores dos setores público e privado. O montante equivale a cerca de 3,5% do PIB potiguar (Produto Interno Bruto) e deve alcançar mais de 1,261 milhão de pessoas, impulsionando o comércio e intensificando o movimento típico do período.
O estudo mostra ainda que o valor previsto para o RN representa 1,1% do total distribuído no país e 7,2% da soma destinada ao Nordeste. A média por trabalhador é estimada em R$ 2.416. Entre os grupos contemplados, os empregados com carteira assinada concentram 62,3% do total, aproximadamente R$ 2,2 bilhões. Beneficiários do INSS respondem por 21,2% (R$ 773 milhões), enquanto aposentados e pensionistas do Regime Próprio do Estado somam 12,5% (R$ 454 milhões). Os regimes próprios municipais representam 4% (R$ 145 milhões), e o emprego doméstico formal, 1,1%.
Prazos, direitos e deveres do trabalhador
Para esclarecer dúvidas sobre regras e cálculos, o advogado trabalhista e previdenciário Túlio Chaves lembra que o 13º é um direito constitucional. “O benefício é garantido a todo trabalhador com carteira assinada, rural, urbano, avulso e doméstico, além de aposentados e pensionistas do INSS”, afirma.
O cálculo segue o critério de proporcionalidade: cada mês trabalhado, ou fração igual ou superior a 15 dias, corresponde a 1/12 do valor. A primeira parcela deve ser depositada até 30 de novembro, e a segunda até 20 de dezembro. O atraso, explica o advogado, pode gerar multa aplicada pelo Ministério do Trabalho, além de juros e correção monetária.
Nos casos de afastamento pelo INSS, o pagamento é dividido. “A empresa paga pelos dias trabalhados e pelos primeiros 15 dias de afastamento. A partir do 16º dia, o INSS assume a parcela proporcional”, detalha Chaves.
Planejamento financeiro é essencial
Com a entrada de um salário extra, aumenta também a necessidade de organização financeira. O educador financeiro César Barreto afirma que o ponto inicial é o planejamento. “É preciso dar destino ao dinheiro antes de ele chegar. Quem recebe sem um plano tende a gastar por impulso”, explica. Ele recomenda que o trabalhador reflita sobre três perguntas básicas: “o que está em dívida, o que é necessário e o que é desejo”.
Barreto destaca que o 13º pode representar uma oportunidade concreta de reorganização da vida financeira. “O benefício chega de uma vez só, o que facilita decisões importantes, como escolher a ordem de pagamento das dívidas mais altas, montar uma reserva de emergência ou iniciar investimentos. Para muita gente, é a primeira chance de equilibrar as finanças sem depender do salário mensal”, observa.
O educador reforça que, de modo geral, quitar dívidas é o melhor “investimento”. Ele explica: “Se houver desconto para pagamento à vista, essa é a melhor opção, porque elimina a dívida e ainda gera economia. Quando não há desconto, vale antecipar parcelas com juros elevados, como cartão de crédito, cheque especial ou empréstimos pessoais. ”
Caso o 13º não cubra todas as pendências, Barreto recomenda priorizar as dívidas mais caras, renegociando as demais. Segundo ele, muitas instituições oferecem condições favoráveis nesta época do ano.
Para evitar desequilíbrios, ele sugere um método simples de divisão do recurso, em três partes: obrigações financeiras, investimentos de médio e longo prazo e consumo consciente. “Nem tudo deve ir para dívidas, nem tudo para investimentos ou lazer. O importante é aprender a usar o 13º como acelerador de metas, garantindo um equilíbrio sustentável”, afirma.
Comércio está otimista com a primeira parcela
A liberação da primeira parcela do 13º, ainda no mês de novembro, já gera expectativa positiva entre lojistas demais comerciantes da capital potiguar.
Para o presidente da Associação dos Empresários do Bairro do Alecrim (AEBA), Matheus Feitosa, a coincidência entre Black Friday, início do pagamento do benefício e programação natalina cria um cenário favorável. “A Black Friday chega num momento muito importante, porque além do 13º, os empresários precisam organizar a folha, cumprir obrigações e manter o caixa equilibrado. É um período que traz otimismo e incrementa as vendas”, afirma.
Já o presidente da Associação Viva o Centro, Rodrigo Vasconcelos destaca o impacto direto sobre o comércio na Cidade Alta. “Natal tem grande número de servidores públicos, então a antecipação da primeira parcela é decisiva para aumentar o movimento. E a coincidência com a Black Friday, a expectativa é muito boa”, avalia.

